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quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Mar Grande - Pedaço de terra cercado de festa popular



Em Mar Grande, na Ilha de Itaparica, os finais de semana são sempre bem agitados, principalmente quando são acompanhados de um feriado prolongado. Neste último feriadão, por exemplo, de 15 a 18 de novembro, a praça da ilha tornou-se palco de iniciativas e manifestações populares até altas horas da madrugada.
Caixas de som espalhadas pelos próprios moradores de Mar Grande, no centro da praça, garantem a diversão dos nativos e visitantes do vilarejo. Sem contar com os grupos que se formam nos bancos da calçada, embalados por violões e pandeiros, apreciando "o velho vinho", como diz o vendedor de argolas artesanais Marcelo Souza. "Aqui na ilha, nós mesmos proporcionamos a nossa diversão. Conheci esse pessoal hoje na praia, nos identificamos, gostamos do mesmo estilo de música e estamos aqui agora, tocando, curtindo e bebendo o velho vinho".



Os moradores e freqüentadores da ilha não esperam iniciativas de políticos para se divertirem. Eles mesmos se reúnem e fazem a festa, literalmente. Muitos chegam de outras localidades da ilha com seus próprios carros ou nas vans, que transitam e transportam pessoas durante toda a noite.
Tradição - Festas como esta, organizadas pelos próprios frequentadores, ou sem ajuda financeira de patrocinadores acontecem em diversas localidades de Salvador. No imbuí, por exemplo, o
Garage Fest, evento organizado por três jovens numa garagem de um prédio, já virou tradição para muitos moradores e está tomando proporções maiores. Em sua 7ª edição, ocorrida no dia 10 de novembro, a festa registrou o maior número de público, comparando com as edições anteriores.
O mesmo acontece no Pelourinho, que é conhecido e considerado como um verdadeiro caldeirão cultural. Lá, é possível ver diversas atrações, de variados gostos, como rodas de capoeira, desfiles, fanfarras, ensaios musicais nas praças de largo, além dos bares e restaurantes tradicionais do local.
Economia - O mais interessante, em Mar Grande, é que essa manifestação popular movimenta intensamente o comércio local. Lojas de roupa, bares, sorveterias, restaurantes, baianas de acarajé e vendedores ambulantes só se recolhem quando a festa termina. A maioria desses trabalhadores garante seus maiores lucros nesses finais de semana.
"Eu não venderia nem a metade do que eu vendo sem as festas que essa galera organiza. Pra mim é muito importante que essa iniciativa popular continue", garante Nestor da Silva, dono de um dos bares situados na praça de Mar Grande.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Mutirão Mete Mão se esconde no bairro da Federação



No último sábado, 20, estava programado para acontecer o Mutirão Mete Mão no bairro da Federação. A ação Comunitária, que já realizou sete edições em diferentes bairros de Salvador, caracteriza-se por levar e apresentar às comunidades carentes da cidade diversas atividades culturais. Porém, desta vez, na comunidade do fim de linha da Federação, a caravana deixou a desejar.
O evento, que estava marcado para começar às 10h, como foi divulgado em alguns sites na internet, não deu sinal de vida até às 14h. As prometidas intervenções de grafite, os malabares, o show de fogo e luzes e o teatro infantil não compareceram, ou fizeram uma apresentação tímida e silenciosa.
Dona de uma pequena venda no fim de linha do bairro, Sueli de Jesus disse não ter visto nenhuma movimentação na rua. “Até agora não vi nenhum grupo cultural por aqui. Era aqui na Federação mesmo que eles vinham?”, indagou Sueli.
Apenas a banda Ministereo Público fez-se notória e calou o silêncio dos demais grupos que estavam programados para apresentar-se. Os músicos montaram uma tenda em plena praça do fim de linha da Federação, mas se limitaram em ligar algumas caixas de som para reproduzirem uma espécie de barulho não identificado.
Nas ruas não havia nada, além da tenda musical, que denunciasse a presença da ação comunitária, denominada Mutirão Mete Mão. Nem mesmo os moradores e freqüentadores da 2ª Travessa Pedro Gama sabiam que a caravana cultural estaria ali no dia, ou mesmo o propósito daquela pequena mesa de som no meio da rua. O morador do bairro, Pedro Barbosa, que estava no local ganhando um dinheiro extra lavando carro, sequer tinha ouvido falar da possível presença do Mutirão Mete Mão em sua comunidade. “Não estou sabendo de nada. Este pessoal está desde cedo aqui montando aquele som, mas eu não sei o que é”, disse o lavador de carros.
Apesar de, desta vez, no bairro da Federação, não ter sido divulgado entre os maiores beneficiados da ação comunitária, o Mutirão Mete Mão tem uma importância peculiar para a cidade. Seu principal propósito é levar cultura popular e proporcionar um dia de diversão e descontração para os moradores dessas comunidades, que não tem oportunidade de acesso ao circuito cultural de Salvador.
No entanto, é essencial que a cultura e esses projetos de ações culturais comunitárias sejam levados mais a sério pelas autoridades e responsáveis políticos de Salvador. É necessário acabarmos com esse
descaso e discutirmos sobre o assunto, com a participação de toda a população, que é a parte mais interessada e beneficiada com as atitudes tomadas.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Salvador recebe programa de serviços gratuitos de cidadania



Sábado passado, 22, Dia Nacional da Responsabilidade Social, aconteceu um mutirão de ação da cidadania no Parque de Exposições, em Salvador, que mobilizou mais de mil voluntários, com o objetivo de garantir mais oportunidades de inclusão para as comunidades carentes.
O evento disponibilizou diversos serviços gratuitos para a população, nas áreas de educação, saúde, lazer e cultura, tendo como foco principal e mais procurado, o serviço de emissão de documentos (certidão de nascimento, CPF, carteira de trabalho, título de eleitor e RG). Direcionado para um público heterogênio, desde crianças até idosos, o programa da cidadania recebeu aproximadamente 40 mil pessoas, realizando apresentações teatrais e musicais para a criançada, cortes de cabelo, oficinas de culinária, avaliação nutricional e aplicação de flúor. Para quem estava à procura de emprego, pôde conferir palestras com dicas de como elaborar currículos e se comportar numa entrevista de trabalho.
O interesse pelos serviços disponibilizados era tanto, que nem mesmo o sol quente e as grandes filas assustaram o público do evento. Maria dos Santos, 51 anos, foi uma destas pessoas. Com as pernas comprometidas pela osteoporose, doloridas, por causa do seu trabalho de vendedora ambulante, e com uma bengala na mão direita, ela não desistiu de esperar a sua vez de cortar o cabelo. “Cheguei cedo, já tirei a segunda via da minha identidade e, agora, vou cortar o cabelo. Não podia perder esta oportunidade de vir aqui hoje por causa das minhas dores”, afirmou Maria.Uns acordaram cedo para dispor dos serviços prestados no Parque de Exposições, outros reservaram o dia para oferecer estas oportunidades de inclusão social, em sua maioria: jovens. Estudantes de graduação, foram ensinar ao público o que aprenderam na faculdade, e, assim, dar a sua contribuição no programa.
Em estandes sob o título de Alongamento, Aferição de Pressão Arterial e Escovação, por exemplo, estavam estudantes voluntários de Educação Física, Enfermagem e Odontologia, respectivamente.Aluno do curso de direito de uma faculdade particular, Rodrigo Cardoso chegou no estande de “Aconselhamento Jurídico” às 8h da manhã e só conseguiu parar um pouco na hora do almoço. “Na verdade, não são só eles que estão sendo beneficiados com este projeto. Eu estou tendo uma experiência incrível, onde posso colocar em prática o que aprendi nas aulas, ajudando a quem realmente precisa”, revelou o estudante.O evento foi visitado durante todo o dia, das 8h às 17h, com todos os serviços funcionando normalmente até a hora do encerramento.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

VI Parada Gay da Bahia promete reunir meio milhão de pessoas







No próximo domingo, dia 9, vai acontecer a VI Parada Gay da Bahia, na Praça do Campo Grande, centro de Salvador, prevista para se iniciar às 10h da manhã, com saída marcada pontualmente para as 15h. A primeira parada da Bahia ocorreu em 2002, com 10 mil participantes, crescendo para 30 mil em 2003, 50 mil em 2004, 180 mil em 2005, 300 mil em 2006 e calcula-se meio milhão neste próximo domingo.O evento, antes, estava previsto para acontecer no domingo passado, mas os organizadores preferiram modificar a data para facilitar a vinda, para a Bahia, de diversas pessoas dos mais variados estados brasileiros, por cauda do feriado da Independência do Brasil, sexta, 7 de setembro. Assim, o visitante pode aproveitar a data para conhecer e curtir a vida cultural da cidade. A cantora Mariente de Castro aceitou o convite feito pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) – entidade de emancipação homossexual que promove a Parada Gay na cidade – e será a madrinha do evento deste ano. Ela tem se destacado por seu engajamento em muitas lutas sociais, como os movimentos afro e religioso, e será a sexta estrela a compor os ícones da Parada Gay no Estado da Bahia. O primeiro padrinho foi o cantor Edson Cordeiro, seguido de Ivete Sangalo, Simone Sampaio, a reitora da Universidade do estado da Bahia Ivete Sacramento, jean Willys e a cantora Preta Gil. Seguindo a tradição, Mariene receberá a faixa de madrinha em cima do trio elétrico das mãos da mestra de cerimônia, a transformista Andrezza Lamarque, empossada fará um breve discurso para dar início ao evento.


PROGRAMAÇÃO
Os trios irão sair do Campo Grande em direção à Praça Castro Alves , com retorno pela Carlos Gomes. O arco-íris de 40 metros, símbolo da movimento gay vai puxar os foliões. O trio oficial da VI Parada Gay da Bahia vai contar com uma seleção de DJ, que se revezarão durante todo o circuito. Desde o ano passado, a organização opta por trazer música eletrônica no trio oficial, para receber de forma mais confortável os convidados que ficarão em cima do carro. Ao meio-dia, estará montado ao lado do Teatro Castro Alves um grande palco com apresentação de shows, discursos e manifestações de líderes gays do interior do Estado e do Brasil. Para este ano, a Polícia Militar da Bahia garantiu a presença de 1200 policias para fazer a segurança do evento.


GRITO DE LIBERDADE
O tema da 6ª Parada Gay da Bahia é Homofobia = Racismo, sensibilizando a população que é o mesmo crime insultar um negro ou um gay, lésbica ou travesti, conclamando-se aos dois senadores baianos, Cezar Borges e ACM Filho, para que aprovem no Congresso Nacional o Projeto de Lei 122/2006 que equipara a homofobia ao racismo. Segundo o GGB, é injusto e anticonstitucional prender alguém que insultou um negro e deixar solto quem fez o mesmo insulto contra um homossexual. Além disso o Grupo ressalta que os direitos humanos são universais, e os homossexuais merecem ser tratados com igualdade. A Propeg fez o kit de publicidade da 6ª parada, mesclando mensagens políticas com humor, como mensagens do tipo "Para que se esconder se você pode ser você mesmo?", "Mais um desfile em setembro para comemorar a independência" e "Solte aquele grito que estava preso na garganta (sufocado com tanto colar)". E ainda: "Dê o seu grito contra o preconceito. Ou melhor, seu gritinho”. Esses são alguns dos títulos bem-humorados criados pela empresa de publicidade para a campanha de divulgação.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Protesto por melhorias na educação renova esperanças


Mais de duas mil pessoas foram às ruas pedir melhorias na área da educação, ontem (22). Representantes de movimentos sociais, como o MST, além de estudantes e professores de escolas públicas se concentraram em frente à reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no Canela. Eles reivindicam por mais dinheiro para a assistência estudantil, eleição direta para a escolha dos diretores de escolas e a construção de mais quatro universidades públicas no Estado. A manifestação fez parte da Jornada pela Educação, que está sendo realizada nas principais capitais do país e é liderada por diversas entidades, como a União Nacional dos estudantes (UNE), Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais sem-Terra (MST), e mais outros 20 movimentos. A Jornada foi acertada em torno de um documento com 18 recomendações para a melhoria da educação pública. Os dois primeiros falam em erradicação do analfabetismo e fim do vestibular, e dos processos excludentes de seleção para ingresso em universidades.
A Jornada pela Educação pode até não conseguir alcançar seus objetivos de imediato, por diversos motivos, e um deles é a falta de interesse (que bem conhecemos) de políticos e autoridades que, em tese, têm a responsabilidade e o dever de melhorar o ensino público e garantir uma melhor educação para a população do país. E pelo que podemos ver nos noticiários da semana, esta luta ainda irá travar muitas batalhas. Perdemos o direito de gritar, reivindicar e prostestar. Manifestantes são tratados como marginais e vândalos. Policiais espancam aqueles que brigam por um futuro melhor e mais digno, enquanto a justiça "libera" deputados ladrões e corruptos. Enfim, está tudo errado. Mas, sem dúvidas, esse protesto (Jornada pela Educação) abre uma frestinha de luz e renova uma esperança já adormecida. Ora, um movimento que envolve e une as capitais do país num só discurso e prática nos faz lembrar que podemos sim fazer democracia. Como naquele tempo, em que um povo de cara pintada foi às ruas lutar por um Brasil melhor. Se continuamos falando a mesma língua e tendo o mesmo ideal, ainda podemos nos aglomerar e, em uma só voz, gritar por um futuro mais justo. A educação é o primeiro passo.


Fontes: A Tarde, Estadão

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Meia Passagem, meio destoante






É engraçado como as autoridades de Salvador insistem em não entender os problemas enfrentados pela população, ou melhor, como elas insistem em fingir que não entendem. Porque são tão evidentes!
O mais novo e “brilhante” sistema de meia passagem de transporte para estudantes, o Salvador Card, é uma prova de que os líderes políticos não querem pensar, e não pensaram no bem dos soteropolitanos na hora da transição do sistema.



Criado através do Decreto Municipal nº 16.371, de 09 de março de 2006, o Salvador Card serve, ao mesmo tempo, para a meia-passagem, meia-entrada e como bilhete eletrônico. Um sistema pré-pago, que os estudantes precisam “carregar” antes mesmo de usar o transporte coletivo.
Vamos imaginar uma família que não tenha um emprego fixo e que sobreviva da renda diária de seu trabalho. Agora imaginemos como os filhos dessa família podem usar o seu Salvador Card para ir à escola, sem nem mesmo dispor do dinheiro total de transporte para a semana, no início dela. É óbvio que esse sistema de meia passagem não condiz com a realidade de tantas famílias que passam pela mesma situação descrita.
Antes da implementação do novo projeto, o sistema de meia passagem para os estudantes era chamado de Smart Card e servia como uma espécie de certificação de que o passageiro, de fato, era estudante. O cartão era “aprovado” pela máquina, que fica na catraca do ônibus, e o estudante poderia pagar a metade da tarifa, na hora.
Um dos principais objetivos citados para a implantação do novo projeto foi a diminuição “considerável” da violência nos ônibus da cidade, os assaltos diminuiriam e tudo seria flores. Mas será que esses representantes de sindicatos, secretarias e órgãos públicos são tão burros a ponto de realmente acreditar nisso? Ou será que eles pensam que nós somos ignorantes?
Para mim, era muito claro que o Salvador Card não seria a peça-chave, nem a solução do tão grave problema que é a violência. Como realmente não foi. As notícias nos meios de comunicação comprovam que nada mudou, que continuamos reféns da falta de competência dos nossos políticos, nos expondo a riscos o tempo todo, tanto nos ônibus quanto nas eleições, já que sempre corremos o grande risco de escolhermos um “João Ninguém” para conduzir ou amenizar (ou não) os problemas de Salvador.
Na época de divulgação do novo cartão, eu pensava no tempo e dinheiro que estavam gastando para maquinar toda aquela linguagem midiática e publicitária, que tinha o único e simples propósito de manipular e persuadir. A intenção era nos induzir a “raciocinar irracionalmente”. Mas não podíamos esperar outra coisa, até porque a Prefeitura de Salvador, quem deveria ser responsável e estar à frente do sistema de transporte da cidade, o deixa “livre” para o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Salvador (SETPS), que parece só pensar nos interesses políticos e das empresas de ônibus.
Além da falta de capacidade, existiu a covardia no processo de transição do sistema de meia passagem, uma vez que não houve conversa ou negociação com os estudantes na hora em que o projeto estava sendo pensado e construído. Deixaram de ouvir o principal alvo do sistema porque sabiam que não seriam apoiados e que a maioria dos estudantes iria às ruas dizer NÃO ao Salvador Card, como foi, mas nenhuma manifestação foi levada em consideração.



Depois de todo esse processo pelos bastidores, às escondidas, dou risada com o lindo e irônico slogan que vemos tanto pelas ruas: Prefeitura de participação popular. Meio destoante, não?